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Marchand; um profissional fundamental

  • Maurício Barufaldi
  • 6 de jul. de 2017
  • 5 min de leitura

Originariamente, o marchand é uma palavra francesa que, em alguns países não francófonos, designa o profissional que negocia obras de arte. A palavra se refere não só àquele que compra e vende objetos artísticos mas também a um tipo de prestador de serviços que atua na divulgação do artista, podendo representá-lo comercialmente nas relações com galeristas, colecionadores, museus e assemelhados. À maneira de um corretor especializado, esse profissional não realiza a compra ou a venda de objetos. Este profissional pode fazer comércio, prestar serviços dentro do mercado comercial. Normalmente os marchands são habilitados a exercer sua profissão como prestadores de serviços no âmbito nacional e internacional. Alguns marchands (termo usado para o genero profissional masculino) e marchandes (para o genero feminino), além de representar artistas, também assessoram compradores, ou futuros compradores de arte em potencial. É uma profissão diferenciada. Envolve intermediação de comércio e prestação de serviço. Ainda não existe formação acadêmica específica para esse profissional e também não há regulamentação determinante, sindicato ou orgão regulador. Também não são conhecidos cursos profissionalizantes de marchands. Os profissionais que atuam nessa área, seja no Brasil ou em qualquer outro país, são todos auto didatas e muitos nem sequer possuem o segundo grau ou habilitação para exercer sua profissão. O marchand é designado como agenciador de obras de arte, um tipo específico de prestador de serviços autônomo, com registro legal e exigências legais. No entanto, no Brasil, ele tem atuado também como um profissional de outras áreas das artes, tais como no mercado de livros que orienta e assessora os autores por todo o processo de publicação. Um agente apresentará o projeto de um livro aos editores, negociará o adiantamento e percentual de direitos autorais, bem como todo o contrato. É responsabilidade do agente acompanhar todos os pagamentos, e mais, servir como um consultor criativo e de negócios para um autor (e muitos outros). Um agente é o defensor de seus interesses, faz o filtro no relacionamento com a editora, mantém a harmonia entre as partes. Trata-se de uma profissão para a qual não há formação acadêmica específica. No entanto, a prática dessas atividades de intermediação e assessoria requer algum conhecimento sobre história da arte, literatura, história geral, e especialmente, sobre o mercado de objetos de arte e os vários agentes que o constituem. Existem duas categorias de marchands: O marchand independente, que funciona como um profissional liberal autônomo, e o marchand galerista, que geralmente é proprietário (ou sócio) de espaços culturais e/ou comerciais no ramo das artes e literatura. Pré requisitos para a profissão de um Marchand: de acordo com o especialista na área, João Carlos Lopes dos Santos, para a prática da atividade, não há exigências legais específicas ou de formação profissional. O João Carlos Lopes dos Santos entende que o marchand deve atuar no mercado das artes, mas eu, e uma corrente de pensadores temos opiniões distintas, e colocamos o marchand na mesma categoria de um agente literário, evidentemente com mais deveres e atribuições. Para se tornar ou se arvorar em marchand, basta abrir uma galeria de arte ou, se conseguir, sair comprando, consignando e vendendo obras de arte. Ser marchand evidentemente que não só é isso. Há outras atribuições além da de vender obras de arte ou obras literárias. Ele deverá também ser um agente, um promotor do mercado na acepção mais ampla dessa palavra. Trata-se aqui de uma profissão atípica, uma atividade mista, que envolve comércio e prestação de serviço e que, ainda hoje, não tem qualquer tipo de formação acadêmica específica. Com efeito, não se tem notícia sobre cursos intensivos ou algo parecido para capacitar profissionalmente os que se interessam pela atividade. A bem da verdade não é fundamental ter uma formação acadêmica, mas ter importantes relações com investidores e consumidores de artes e literatura. A motivação para essa atividade: de onde surgem esses profissionais? Há no mercado marchands oriundos de vários outros segmentos e com formações as mais variadas: engenheiros, arquitetos, médicos, advogados, bancários, comerciantes, corretores de seguros, profissionais liberais, professores e militares reformados, entre outros tantos. Uma parte deles divide o tempo entre as duas atividades e a outra abandonou de vez a ocupação anterior, por força de aposentadoria ou por simples opção. Não há uma lógica própria na motivação para esse trabalho. Há quem venha do ramo de ciências humanas, o que se entende compatível, e há outras oriundas de ciências exatas, o que é mais difícil de explicar. O professor de Química Nagib Francisco, hoje aposentado, chegou ao mercado de arte e da literatura através dos seus estudos sobre a composição das tintas. São fatores básicos para o sucesso: sensibilidade, vivência no mercado financeiro, conhecimento sobre artes visuais, bom relacionamento no mercado, bom relacionamento social, conhecimentos de marketing e uma cultura eclética. Cabe também ao marchand investigar o perfil das editoras, seja estudando catálogos, pesquisando sua produção de títulos, mapeando seus avanços e retrocessos, acompanhando a rotatividade de seus profissionais. Com o olhar voltado ao microcosmo das editoras e ao macrocosmo do mercado. Recomenda-se ainda conhecer o perfil e as necessidades de cada editora é um fator imprescindível para que o marchand possa encaminhar a essas empresas os livros e autores certos, de acordo com as expectativas de ambas as partes. Seu trabalho funciona como uma espécie de filtro para numerosos projetos que, diariamente, são enviados às mesas de editores de todo o país. Nesse contexto, sua atuação tem se tornado cada vez mais valorizada e essencial à cadeia produtiva do livro, uma vez que reduz o tempo destinado ao processo de prospecção, contribuindo para a descoberta de novos autores e dinamizando as relações do mercado. Devido às características abrangentes do meio em que atua, o marchand tanto pode escolher se especializar em determinadas áreas editoriais quanto optar por trabalhar com todas, sem restrições. Se você pretende se iniciar na profissão de marchand, procure aprender de maneira certa, começando pelo mais fácil e evoluindo gradativamente para o que é mais difícil. Não queime nenhuma etapa, posto que, fatalmente, ela lhe fará falta mais adiante. Caso o resultado da avaliação seja positivo, vá à luta. O valor inestimável da reputação: obviamente que, em tudo que foi aconselhado, estão implícitos os valores pessoais básicos que todo profissional deve ter em qualquer ramo: honestidade, transparência, ética e caráter. Esses valores são mais importantes para a atividade do que das demais pelo fato de se tratar de uma profissão atípica, não regulamentada, sem um órgão direto que a fiscalize. Sem um controle externo, poderá haver a tentação de seguir caminhos tortuosos e o profissional precisa ter dentro de si uma estrutura sólida para não destruir a sua reputação, prejudicar o mercado e queimar de vez todas as chances de sucesso. Uma boa reputação tem um valor inestimável, vale bem mais do que uma boa conta bancária. É o que fala mais alto na hora de se fechar os negócios.


 
 
 

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