Freekeh (trigo verde); mais um grão da moda
- Maurício Barufaldi
- 23 de jul. de 2017
- 3 min de leitura
Tradicional na cultura árabe há mais de 4.000 anos, o freekeh foi descoberto por acaso, quando uma pequena aldeia foi invadida e teve o trigo ainda verde incendiado.
Por escassez de alimentos, o trigo foi colhido e os cachos friccionados para obter os grãos limpos, descobrindo assim um alimento saboroso, com leve sabor defumado e alto valor nutritivo.
O trigo freekeh é um cereal consumido há milênios, mas apareceu como novidade em restaurantes de Nova York, Londres, São Paulo e outras capitais.
Sempre usado na culinária árabe, o grão deve invadir em breve os pratos brasileiros, principalmente dos adeptos da alimentação natural. Mas será que é mesmo um alimento compensador ou apenas mais um modismo alimentar?
O que diferencia o trigo freekeh?
A colheita do trigo é feita com a semente ainda verde, o que resulta na modificação do perfil nutricional.
Um estudo realizado na Universidade de Adelaide, Austrália, publicado na revista Journal of Agricultural and Food Chemistry, concluiu que o trigo verde freekeh tem concentração de luteína e zeaxantina superior a outras fontes de trigo e massas que foram analisadas no estudo.
A oferta de luteína de zeaxantina do freekeh só é menor que a de hortaliças e frutas.
O que é luteína e zeaxantina
A luteína e zeaxantina são carotenoides com função antioxidante que protegem o organismo da ação prejudicial dos radicais livres.
Esses dois carotenóides também são os únicos presentes no olho (na mácula). A função deles é de filtrar a luz azul, que poderia causar danos aos fotorreceptores da retina. Várias pesquisas mostraram que o consumo destes carotenóides está associado a um menor risco de degeneração macular com o avanço da idade.
A degeneração macular ocorre em 30% da população acima de 75 anos. Estima-se que 2,9 milhões de brasileiros com idade superior a 65 anos apresentam degeneração macular.
Estudos indicam que é possível prevenir a doença por meio de uma nutrição adequada.
Onde encontrar o trigo freekeh
No Brasil o produto ainda não é encontrado facilmente. Algumas lojas de alimentos e produtos árabes importam, mas em pequenas quantidades que acabam rapidamente.
Como consumir
Pode substituir o arroz ou o carboidrato de uma refeição. Também pode ser usado em saladas e sopas. Ou ainda, entrar no lugar do trigo integral em receitas.
Pode ser consumida em risottos e tabules; nestas preparações acrescentar frutas oleaginosas (lascas de amêndoas, nozes) e cebola roxa.
Na culinária árabe é comumente acompanhada de frango.
Assim como as massas, algumas pessoas preferem cozinhar o freekeh na água com sal ou com um pouco de óleo.
O trigo freekeh é fonte de proteínas
Os pesquisadores Takruri, H.R, Humeid, M.A e Umari, M.A.H. da Universidade de Jordânia estudaram o conteúdo protéico do freekeh. Um estudo publicado em 1990, no Journal of Science of Food and Agriculture, mostrou que o valor protéico do freekeh era maior, se comparado com o mesmo grão na forma maturada.
O conteúdo protéico do trigo verde é de 12 gramas em 100 gramas de alimento. O arroz integral tem 7,7 gramas em 100gr de alimento.
Então é um alimento recomendado para vegetarianos
Vegetarianos precisam de uma dieta rica em proteínas vegetais, e esse trigo é uma boa alternativa para variar a dieta.
O trigo freekeh é fonte de fibras
Trata-se de uma excelente fonte de fibras, o que ajuda a melhorar a saciedade, o que em uma dieta para emagrecimento pode ser muito útil.
As fibras auxiliam na regulação intestinal e também no bom controle glicêmico (açúcar no sangue).
É importante não exagerar. Por mais que o alimento não ofereça gorduras, é fonte de carboidratos, e por essa razão o consumo deve ser controlado.
Em 100 gramas de freekeh encontramos aproximadamente 16 gramas de fibras, valor quatro vezes maior que o arroz integral, 3.9 gramas de fibras em 100gramas.
E vitaminas e minerais
O grão oferece micronutriente como cálcio, ferro, potássio, magnésio e zinco. Assim, pessoas que apresentam restrição a potássio (pacientes com problemas renais), devem tomar cuidado.
Contém glúten
Portanto não é recomendado para pessoas que apresentam doença celíaca ou intolerância a essa proteína.
Assim como outros grãos e sementes da moda (quinoa, chia, etc.), é importante enfatizar que o trigo verde deve fazer parte de uma dieta variada e equilibrada. Seu consumo deve ser parte de um rodízio entre outras fontes de grãos integrais.
O freekeh possui amido resistente, sendo considerado um probiótico por estimular a proliferação das bactérias boas do sistema digestivo, auxiliando na regulação intestinal. Seu alto teor de fibras, quatro vezes maior que arroz integral, contribui para a redução de medidas, pois leva a sensação de saciedade.
Contém minerais como cálcio, ferro, cobre, potássio, magnésio, sódio e zinco e vitaminas como vitamina C, B1, B2, A e E.
Aos meus leitores eu desejo uma semana repleta de paz!

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