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Barreado; um prato típico do Paraná

  • Maurício Barufaldi
  • 21 de jul. de 2017
  • 3 min de leitura

O mais representativo prato da culinária paranaense, o Barreado é um cozido de carne de peito de boi preparado, originalmente, sem adição de água, em fogo muito baixo, em uma panela de barro cuja tampa deve ser colada ao corpo com uma massa, um pirão de farinha, para evitar que o vapor escape durante o cozimento.

Essa operação se chama barrear a panela e, daí, vem o nome do prato.

O barreado ou carne barreada é um prato típico do litoral paranaense, sendo o mais tradicional do estado. Ele é mais comum em Morretes-PR.

Sua origem é açoriana de um ritual de 300 anos. A origem é atribuída aos portugueses que vieram para o litoral do Paraná no século XVIII. Os registros antigos indicam a Ilha de Guaraqueçaba como a disseminadora da receita.

O tempero do prato seguiu junto com outras manifestações culturais para o continente, entre elas o fandango, dança de tamancos ao som da rabeca.

A simplicidade na preparação do prato garantiu que a receita fosse mantida com os mesmos ingredientes e características. Uma de suas características é que mesmo requentado mantém o seu sabor.

Durante os dias de festa do fandango, o prato era reaquecido a cada refeição. O sabor não se perde, pois o caldo grosso que se forma é o que mantém o sabor da carne.

O prato consiste em uma carne cozida, servida com arroz e farinha de mandioca.

O segredo na preparação é o tempo de cozimento na panela de barro - cerca de vinte horas - o suficiente para desfiar toda a carne. Depois de cozida, as fibras da carne se soltam resultando em um caldo grosso e saboroso. Para manter o sabor da carne, é preciso vedar a panela com uma massa de farinha e água, um barro preparado para manter o vapor dentro da panela.

Tradicionalmente o prato é acompanhado de frutas: bananas (com banana o gosto se completa) e laranjas.

Como entrada ao prato principal, pode ser servido o bolinho de barreado (bolinho frito recheado com banana amassada e a carne do barreado).

Os locais tradicionais do Estado do Paraná onde encontra-se com facilidade o barreado são as cidades de Morretes, onde o prato é mais conhecido, porém também encontra-se nas cidades vizinhas em alguns restaurantes: Antonina e Paranaguá.

É uma receita simples e ao mesmo tempo exótica, que surgiu entre os caboclos das encostas da Serra do Mar, no litoral do Paraná, ainda no período colonial, e, com o tempo, acabou associado às festas que antecediam a quaresma (o período do nosso atual carnaval).

As características da receita tornaram o prato ideal para ocasião, três dias em que as pessoas não faziam outra coisa senão dançar o fandango e comer, e não queriam se preocupar com a cozinha: demandava poucos ingredientes, sendo relativamente barato; era fácil de ser feito e podia ser preparado com antecedência; conservava-se por um bom período de tempo e, mesmo requentado, não perdia o sabor original.

Além disso, por tratar-se de uma receita altamente calórica, o Barreado era, também, ideal para dar energia aos foliões.

Diz a lenda que os caboclos dançavam dia e noite durante toda a festa sem se deixar abater pelo cansaço. Quando não agüentavam mais, comiam Barreado acompanhado de farinha de mandioca seca e voltavam à farra ainda mais animados.

Também há uma possibilidade de que o barreado fosse a comida dos tropeiros que subiam a serra para comercializar erva-mate, mas o que é mais interessante sobre esse prato é a lenda de que ele não deve ser consumido com água em hipótese nenhuma.

A tradição popular diz que beber água na hora de comer o barreado ou até duas horas depois é quase um suicídio.

Os primeiros barreados eram feitos dentro de um Panelão de barro, vedado hermeticamente, que depois era enterrado e sobre o qual se acendia uma fogueira.

O cozimento se dava com o próprio calor, sem que fosse adicionada água alguma. A carne fica tão cozida que se desfia à toa, tomando o aspecto de um pirão.

Durante séculos, o Barreado foi consumido apenas por moradores da região costeira do Paraná.

As cidades de Paranaguá, Antonina e Morretes, reivindicam a paternidade do prato. Somente no início dos anos 70 foi que esta delícia da culinária artesanal paranaense ganhou status, passando a fazer parte do cardápio de sofisticados restaurantes de importantes cidades do Estado do Paraná.

A grande dificuldade para a massificação do Barreado é o seu tempo de preparação e cozimento, um ritual que pode levar de 16 a 24 horas. Muitas receitas foram adaptadas para reduzir este tempo, usando a pressão.

O resultado agrada a muita gente, mas os puristas, afirmam que o sabor peculiar do prato fica alterado.

Nas festas típicas portuguesas que acontecem no litoral de Santa Catarina, o Barreado, também, é bastante consumido.

Segundo os apreciadores, este é um prato para ser saboreado aos poucos, devagar, sem a menor pressa. Seu sabor é especial e inconfundível.

Aos meus leitores uma ótima semana!!


 
 
 

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