AMARENA; Ginja ou cereja ácida
- Maurício Barufaldi
- 17 de jul. de 2017
- 4 min de leitura
A amarena, cujo nome científico é Prunus Cerasus, é uma variedade de cereja selvagem e ácida, de tamanho um pouco menor que suas irmãs, com casca fina e polpa suculenta, cuja variedade de cores vai do vermelho vivo ao vermelho extremamente escuro, quase preto.
Ginja ou cereja ácida (Prunus cerasus), também conhecida como amarena, é uma espécie do género Prunus, pertencendo ao subgénero Cerasus (cereja), nativo de grande parte da Europa e do sudoeste asiático. É um parente próximo da cereja Prunus avium, também conhecida como cereja-doce, mas o seu fruto é mais ácido, sendo útil principalmente para fins culinários.
A amarena é originária do Oriente Médio, nas regiões do Cáucaso e Armênia. A história nos mostra que foi trazida para a Europa em 65 a.C. por um general romano chamado Lucullo durante uma expedição militar àquela região. Lucullo era conhecido por seus deliciosos e extravagantes banquetes e, quando conheceu a amarena, se encantou e não pensou duas vezes em levá-la à Roma, plantá-la em seus jardins e servi-la a seus nobres convidados a fim de impressioná-los.
Amarena é o nome italiano de uma variedade de cereja de cor vinho e sabor bastante ácido, razão pela qual é utilizada principalmente na indústria, para confecção de conservas, xaropes e licores.
Aplicação: Pode ser utilizado como decoração e em recheios tanto na confeitaria como na sorveteria.
A árvore é menor que a da cereja-doce, alcançando entre 4 a 10 metros de altura. A cor do fruto varia entre o vermelho e o preto, desenvolvendo-se em ramos mais curtos.
Cultivo e utilizações: Quanto mais maduras, mais escuras e doces se tornam. A amarena é uma das progenitoras das cerejas cultivadas hoje em dia, particularmente do tipo Morello e Marasca (maraschino).
As ginjas cultivadas foram seleccionadas a partir de espécimes selvagens de Prunus cerasus e da dubitavelmente distinta P. acida dos mares Cáspio e Negro, sendo já conhecidas pelos gregos no ano 300 a.C. Eram muito populares entre os romanos, que as espalharam por diversos pontos do seu império, entre os quais a Grã-Bretanha, no século I.
No século XV, a ginja era já um fruto comum em Portugal, sendo usada para diversos fins medicinais. Por volta de 1755, existiam em Lisboa estabelecimentos que vendiam ginjas mergulhadas em aguardente, bebida que mais tarde viria a ficar conhecida como ginjinha.
Na Grã-Bretanha, o seu cultivo tornou-se popular no século XVI devido a Henrique VIII. Existem registos de mais de duas dúzias de cultivares deste tipo de cereja em 1640, na região de Kent. Nas Américas, os primeiros colonos de Massachusetts plantaram a primeira ginja quando chegaram.
Em meados do século XIX, eram cultivadas ginjas no Brasil, na região de São Paulo .
Antes da segunda guerra mundial, existiam mais de 50 cultivares de ginja em produção na Inglaterra. Hoje, porém, poucos são cultivados para comercialização. E, apesar da continuação das variedades Kentish Red, Amarelles, Griottes e Flamenga, apenas a genérica Morello é oferecida para a maior parte das plantações. Esta variedade floresce tardiamente, evitando a maior parte das geadas, o que a torna uma colheita mais viável. Amadurece entre meados e fins do Verão, por volta do fim de Agosto, na Inglaterra.

As ginjas requerem condições de cultivo semelhantes às das pêras, ou seja, preferem um solo rico, escorrido e úmido, apesar de necessitarem de mais nitrogenio e água que as cerejas doces. Também sofrem menos de pragas e doenças que as cerejas doces, apesar de os pássaros poderem consumir uma parte considerável dos frutos. Durante o Verão, os frutos devem ser protegidos por redes. Ao serem colhidas, devem ser cortadas da árvore, para evitar partir os ramos ao puxar. A variedade Morello resiste bem ao congelamento, mantendo o seu sabor intacto.
Ao contrário da maior parte das variedades de cerejas doces, as ginjas produzem pólen para si mesmas, o que significa serem necessárias populações de polinizadores menores, dado que o pólen só necessita ser transportado dentro de uma determinada flor. Em áreas de escassez de polinizadores, a criação de colmeias perto dos campos pode constituir uma ajuda para melhorar as colheitas.
Algumas variedades são utilizadas na produção de Kriek, um tipo de cerveja oriundo da Bélgica. A Schaarbeekse krieken é uma dessas variedades, podendo ser encontrada na região de Bruxelas. Kriek significa precisamente ginja, no neerlandês flamengo falado na Bélgica (nos Países Baixos, a ginja é conhecida por zure kers ou morel).
Em algumas localidades, a amarena também é chamada de cereja montanhesa, cereja ácida ou cereja anã selvagem. Sua árvore pertence à família das rosáceas, tem em média 6 metros, topo arredondado e lindas flores de pétalas brancas que desabrocham na primavera.
Ao contrário da maior parte das cerejas, a amarena, é independente por que se reproduz sozinha (autopolinização). Se adapta facilmente aos mais variados tipos de clima e não demanda muita atenção em cultivo, crescendo também de maneira selvagem. É uma planta amante do sol, mas resiste às baixas temperaturas e à seca. Cresce nos mais variados tipos de solo: férteis ou pobres.
Aos leitores desta coluna eu desejo uma deliciosa semana, repleta de deliciosos pratos!
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